A comunicação como ferramenta da Democracia

No ano passado, depois de conquistar a conta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Octopus ficou responsável por planejar, criar e levar a público as campanhas de comunicação das Eleições 2022 no Brasil. Essa tarefa já seria desafiadora o bastante em um processo eleitoral comum. Mas sua importância foi multiplicada exponencialmente graças a uma série de fenômenos que se intensificaram nos últimos anos, e que vêm preocupando as democracias mundo afora – ou, no mínimo, fazendo-as levantar uma sobrancelha desconfiada. A disseminação de fake news e um ambiente político instável são dois exemplos ilustrativos desses fenômenos, que encontram justamente na comunicação um contraponto fundamental.

Esse cenário tornou bem mais complexo o trabalho que tínhamos a realizar junto à Justiça Eleitoral, mas ao mesmo tempo nos deixou ainda mais envolvidos e conscientes – para não dizer apaixonados – em relação ao nosso papel. (Impressão minha ou rola uma liberação extra de endorfina quando se trabalha em prol da democracia?)

Havia uma quantidade imensa de conteúdos que era preciso divulgar, não apenas incentivando os cidadãos a participarem do processo eleitoral, mas também informando e orientando a população em relação a um sem-fim de questões práticas. Por exemplo: quando e onde votar, o que era permitido ou proibido no dia da votação, a chegada das novas urnas eletrônicas, como votar em trânsito, e assim por diante.

Tudo isso é imprescindível ao bom andamento das eleições, mas nada disso fará sentido se as pessoas não estiverem cientes de alguns princípios básicos, que fundamentam a própria lógica da democracia representativa. Era preciso informar, mas era ainda mais importante realizar um esforço de formação: cívico, democrático, cidadão. Tudo ao mesmo tempo.

Na prática, o que buscamos foi aproveitar toda e qualquer oportunidade de comunicação para valorizar os alicerces da democracia, como a igualdade, a tolerância, a liberdade, o respeito à diversidade e a paz. Trabalhamos em sintonia com o cliente para adicionar, em cada campanha, conteúdos ou elementos que contribuíssem para construir um sentido de pertencimento, de responsabilidade e de respeito mútuo entre os brasileiros.

Nesse processo, cada decisão adquiriu uma importância redobrada. Os ganchos criativos das campanhas. Cada palavra de cada roteiro. A escolha dos castings, que deveriam necessariamente representar a força e a riqueza étnica e cultural do povo brasileiro. As trilhas musicais, o design de som, as cores, a fotografia, cada gesto e cada expressão dos atores e cidadãos que protagonizaram os comerciais. Nada na comunicação seria visto como um mero detalhe. Porque, afinal de contas, estávamos sempre falando em preservar algo que tem um valor transcendente e inestimável.

Passado o ciclo eleitoral, o que fica é um grande orgulho e uma grande felicidade em ter participado desse trabalho, que – todos sabemos – nunca estará plenamente concluído. A tarefa de defender e preservar a democracia brasileira é contínua, diária. E, para isso, cada um de nós deve usar as ferramentas que domina.

Por Olávo Rocha

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